06/09/2015
Aylan... E eu com isso!?
Dionei de Liz
Estou tentando digerir a foto estampada em vários jornais e postagens na internet.
O pequeno Aylan encontrado morto na praia da Turquia na última quarta-feira (02.07). Aylan tinha 3 anos e era filho de Abdullah Kurdi, que perdeu também sua mulher, Rehan, de 35 anos, e outro filho de 5 anos, Galip. Eles morreram afogados em um naufrágio enquanto fugiam da guerra na Síria e tentavam chegar na Grécia, onde o pai, Abdullah tem uma irmã morando (notícias extraídas do portal IG de notícias).
O pai em entrevista estava desolado: “Quero que o mundo inteiro nos escute e veja onde chegamos tentando escapar da guerra. Vivo um grande sofrimento. Faço esta declaração para evitar que outras pessoas vivam o mesmo”.
Qual foi seu sentimento? Revolta, curiosidade? "Nó" na garganta?
Meu primeiro sentimento foi de raiva, pelos meios de comunicação terem colocado aquela foto tão forte em seus veículos de comunicação. Como puderam expor a aquela cena tão pesada?
Mas aos poucos percebi que aquela imagem foi “tapa bem dado em meu rosto”. A muito tempo estamos ouvindo da luta deste povo que está tentado sair de seu país por causa dos conflitos. Eu olhava as noticias que lá diziam: “Hoje morreram tantos...”. Até pensava sobre o assunto, mas depois retornava para os meus afazeres como se nada tivesse acontecido.
Está tudo bem aqui... Temos uma crise política, gostaríamos que fosse melhor. Temos os nossos próprios problemas para nos preocupar.
Até Pensamos: E o quê posso fazer? Não sou um presidente para fazer algo. Não posso fazer nada por eles.
Isso não deixa de ser verdade. Sentimos-nos de mãos atadas diante desta realidade. Até gostaríamos de fazer algo, mas estamos aqui e eles lá... tão longe!
Além disso, são tantas tragédias noticiadas diariamente que nem temos tempo de digerí-las. Assim, acabamos por nos acostumar com a tragédia, nos conformando com esta triste realidade.
E por causa disso, vamos nos alienando deste e de vários outros assuntos. Assuntos de nosso país e também de nossa própria cidade. Situações que atingem as pessoas que estão perto de nós, nos clubes, nas igrejas, na nossa rua.
Vemos o sofrimento dos outros e seguimos a vida como se isso não tivesse nada a ver conosco. Dizemos: “cada um com seus problemas”.
Sei que não temos condições emocionais de interiorizar todos os sofrimentos da humanidade. Se assim o fizéssemos, cairíamos em depressão.
O mais fácil é ignorar, achar desculpas, nos conformarmos...
Em Romanos 12 o apóstolo Paulo inicia seu discurso sobre a vontade de Deus dizendo:
“Não vos conformeis com o presente século, mas transformai-vos pela renovação de vossa mente”.
Se conformar é parar de lutar e entrar em uma forma pronta. Apenas seguir o curso da vida deixando a vida te levar. Isso é se conformar. Isso é confortável, deixar outros decidirem, tomarem a frente.
Ao invés disso Paulo recomenda que deixemos nossa mente ser renovada para que sejamos agentes de transformação.
Ou seja, o discípulo de Jesus não se conforma. Mesmo que aparentemente ele não possa fazer nada. Mas ele não se conforma. Ele age dentro de suas possibilidades. Se ele tem poder para fazer algo, ele vai usar este poder para transformar.
A foto daquele menino mexeu comigo, me deu um nó na garganta. E era justamente este nó que me faltava.
Este foi o impulso que tive diante desta imagem e quero usar as minhas possibilidades para que este sentimento chegue até você, para que você assim como eu seja incomodado pelo assunto e faça algo. Se você não sabe o que fazer, te dou uma idéia:
Desafio você para que diariamente estejamos lembrando deste povo em oração. Quando você se levantar, quando estiver almoçando, quando estiver no trânsito: Ore a Deus. Interceda por este povo que não sabe o que fazer.
Ore pelos países que estão recebendo estas pessoas para que tenham condições de instalar e ajudar este povo.
Ore para que os países que não querem deixar os refugiados entrarem. Que Deus abra seus olhos.
Ore para que a guerra acabe na Síria: Muitas pessoas estão lá ainda.
E ore por você para que Deus te ajude não se conformar com o que acontece ao seu redor.
Que Deus te abençoe!